“Acolher um peregrino é acolher o próprio Cristo” – isso me
disse meu catequista e esse mesmo espírito procurei passar a quantos tive a
oportunidade de encontrar por toda a pré-jornada em Belém, quando tivemos entre
nós um grupo de cerca de cem poloneses que “invadiram” nossa Capital.
Era gente de modos, cultura e língua diferente dos meus, alguns
agradáveis, outros nem tanto; mas a quem me preocupei em fitar com os olhos da
fé, procurando enxergar neles traços do Salvador. Mesmo quando parecia difícil,
esforcei-me um pouco mais, para que não transparecesse qualquer sinal de
exclusão, de preferência ou algo semelhante – em resumo, o meu “homem velho”!
Não lhes entendia o idioma, é verdade, mas busquei ser-lhes
agradável, inclusive evitando comentários pouco airosos – que sempre me
escapam, como bem o sabem aqueles que me conhecem. Mesmo diante de algumas
situações que minha razão pensava em atitude diferente procurei manter a calma
e ter paciência – comigo e com quem experimentava a mesma emoção, evitando
assim qualquer ponto de descomunhão.
Como já havia sido falado antes, constatei que a “linguagem do
amor” funciona, permitindo que tudo saísse bem, afinal!
É certo que há muita dificuldade para sair de si mesmo, oferecer
a si próprio e o que se possui ao outro, sobretudo quando o outro não pensa nem
age do modo como gostaríamos. Quem disser que é fácil ou está mentindo ou faz
uma experiência que não a de entrega evangélica.
Somente impulsionados pelo Espírito é possível agir como Cristo,
ver Cristo no outro e servi-lo interessado apenas no bem do outro. É
gratificante no final, porém exige um esforço que não é exatamente nosso, as
nossas atitudes fluem até naturalmente, movidas por Deus.
O cansaço que disso resulta é humano. A disposição que nos leva
a fazê-lo é divina.
Quando enfim partirem, esses poloneses certamente deixarão em
nosso espírito a sensação de que poderíamos ter feito um pouquinho mais.
Contudo, há uma certeza que permanece: se o fizemos com amor e por amor, foi um
gesto que trará boas consequências, verdadeiros frutos de vida eterna.
O que nos fará lembrar do que disse Cristo aos setenta e dois
discípulos depois de concluída a missão que lhes confiara: “Alegrai-vos antes
porque vossos nomes estão escritos no céu”.
Isso me consola profundamente, vocês nem conseguem imaginar o
quanto!
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