No último domingo de julho diversas coisas me chamaram a
atenção, todas elas ligadas à Jornada Mundial da Juventude, que eu acompanhei em
espírito – e também pela TV.
Estava eu centrado no discurso do Santo Padre aos voluntários da
JMJ quando, em determinado momento,
ele convidava os jovens a se rebelarem contra a catequese do mundo e os
exortava a abraçarem o compromisso a que Deus os impelia. Seja o matrimônio,
seja a vida consagrada – com as peculiaridades que tanto um quanto outro
apresentam, suas alegrias, suas cruzes.
E revelava ter sido chamado à vida religiosa num dia específico
– 21 de setembro, aos 17 anos. Não resisti a fazer as contas – o Papa tem 76
anos, logo, aquela data parecia ter sido exatamente o dia, mês e ano em que eu
– pois é, justo este escriba paraoara – vinha ao mundo.
Uma coincidência que me colocou em xeque, fazendo-me refletir
que não tenho o direito de brincar com a minha vida, a minha história. Antes,
preciso colocá-la em sua verdadeira dimensão, abraçá-la e direcioná-la para
aquilo que deve ser o seu caminho – a santidade.
Calar a voz interior quando ela me retira do seguimento de
Cristo, oferecendo-me ilusões que se desvanecem e me levam a buscar atalhos
para uma felicidade que não resiste às intempéries da vida real. Aceitar a
eleição que Deus fez de mim, chamando-me para o seu rebanho, apesar de minhas
muitas resistências, minhas rejeições, minha teimosia em querer ser o condutor
de uma história que pretende colocar Deus do lado de fora, querendo acreditar
que eu me bastava, que poderia seguir adiante, chegar à felicidade perseguida
com minhas próprias forças, apenas com o meu esforço.
Hoje vejo desfilar ante meus olhos uma série de coincidências
que sinto não serem somente isso, meros acidentes, sem constituírem um sinal
indefectível de que Deus fala, grita até, insistindo para que eu deixe de lado
essa loucura que é permanecer alienado, mentindo a mim mesmo que tenho
capacidade para gerir minha existência.
E seguir suas pegadas com a humildade que ele me oferece,
aguardando com paciência – também recebida dele – que se complete o tempo em
que toda essa expectativa se transformará em realidade.
Se for logo, bendito seja o Senhor! Se demorar, também seja
bendito o Senhor, pois quer que eu aproveite esse intervalo que me proporciona
para que me reconcilie comigo mesmo, com a minha história, com as pessoas que
ele coloca na minha vida.
Tudo isso para que, chegando ao fim da jornada, eu possa enfim
dele escutar: “Vem, bendito do meu Pai... Vem para o Reino que tenho preparado
para ti...”
É essa a minha esperança...
Em 30/7/2013