O resultado do primeiro jogo da decisão
do título paraense de futebol acabou por premiar quem levou a sério a
competição e colocou em evidência as limitações de cada time, bem como o que se
fez para tirar o melhor proveito dessa situação.
Ficou claro, para quem olhou o jogo sem a
parcialidade de torcedor, que o time azulino vinha apresentando significativa
melhora desde as finais da Copa Verde, quando foi eliminado pelo rival após uma
sequência de derrota e empate.
A questão é que o esquadrão bicolor não
assimilou o que aconteceu naquelas duas partidas e deu seguimento à jornada que
tinha pela frente: campeonato paraense, Copa do Brasil e as finais da Copa
Verde. Sempre jogando o mesmo “feijão com arroz”, sem se dar conta de que os
adversários seguintes certamente tratariam de anular seus pontos fortes e
insistir nas suas fraquezas.
Deu no que deu: a partida final contra o
Brasília deixou escancaradas as deficiências do time, sem um elemento que
servisse de ponto de referência no meio de campo e fragilidades defensivas e ofensivas.
Alguém tratou de mudar as coisas? Não! Os treinamentos específicos — se é que
houve — não adiantaram nada, tudo permaneceu como dantes.
Já o maior rival seguiu caminho diferente
e, depois de precisar se desdobrar para não ficar fora das finais do returno,
tentou traduzir em resultados a sua superioridade técnica. Só não enxergava
esse fato quem continuou a se enganar, acreditando que jogos se ganham de
véspera.
No primeiro duelo o bicolor abriu dois
gols de vantagem e não soube segurar. Por muito pouco não levou a virada e deu
um suspiro quando o juiz deu por encerrada a peleja. Reclamações à parte, o que
faltou foi competência para administrar um resultado favorável. Culpa de uma
equipe que não possui jogador que cadenciasse a partida quando esta se mostrava
à sua feição.
Veio o segundo jogo e a superioridade
azulina voltou a se apresentar claramente. Bem mais objetivos, davam as cartas
e partiam para cima de uma defesa bicolor completamente atarantada, perdida em
campo. Deu sorte de nas substituições ganhar o fôlego de que necessitava. Por
outro lado, o adversário resolveu contribuir e fez mudanças típicas de quem se
acovarda.
O empate conseguido no minuto final deu a
falsa impressão de que os dois times estavam equiparados técnica e taticamente.
Mas a pressão final do time azul e branco só aconteceu porque o outro lado
colaborou e recuou demasiadamente. Mas, enquanto tratou de apenas jogar
futebol, foi sempre superior e manteve o rival sob tensão e até acuado em seu
setor defensivo. Ou seja, faltou-lhe ousadia para vencer.
No jogo que abriu a decisão — ou que
decidiu, porque os azulinos ganharam uma vantagem enorme — aconteceu a surpresa
para a qual o time bicolor não se preparara. Da mesma forma como na peleja
anterior fora sua a garra e a disposição para ir em busca do resultado, dessa
vez o remédio estava sendo aplicado pelo rival.
Desde o começo partiu para cima e, embora
contido no início, não tardou a se assenhorear das ações e fazer o que fizera
no jogo anterior: mandou na partida, encurralando o time adversário, que não
conseguia se acertar. Tomou um gol — contra, ainda por cima — e se livrou de
levar outros.
Ao começar a segunda etapa, quando
pensava em ir para cima levou o segundo gol. Esteve por levar outros quando
‘achou’ um gol que parecia ser o da recuperação. Foi pura ilusão, pois o rival
continuou mandando em campo e acabou marcando o terceiro e arrefecendo o
entusiasmo bicolor, que parecia, na metade do segundo tempo, inapelavelmente
batido.
O quarto gol foi apenas protocolar, sacramentando
o que todos os que viram o jogo — ao vivo, no estádio, ou pela TV — puderam
comprovar. De um lado uma equipe que se superava, que desejava mais que tudo
aquela vitória, e de outro um bando de jogadores perdidos, técnica e
taticamente abandonados.
Foi uma lição a ser aprendida. Muito
dura, é verdade, mas somente com lições assim é possível dar uma remexida e ir
em busca do que está errado. E tem muita coisa errada, a começar pela comissão
técnica, que fala mais do que produz resultados eficazes. Não foi um jogador,
foi o time todo; não foi uma derrota qualquer, foi uma decisão.
Oxalá haja tempo de recolocar as coisas
no eixo e obter resultados positivos lá mais à frente. Na competição que lhe ocupará
o segundo semestre.
Oxalá!
Junho 2014.