sexta-feira, 6 de junho de 2014

Eu e o futebol (2)

       O resultado do primeiro jogo da decisão do título paraense de futebol acabou por premiar quem levou a sério a competição e colocou em evidência as limitações de cada time, bem como o que se fez para tirar o melhor proveito dessa situação.
       Ficou claro, para quem olhou o jogo sem a parcialidade de torcedor, que o time azulino vinha apresentando significativa melhora desde as finais da Copa Verde, quando foi eliminado pelo rival após uma sequência de derrota e empate.
       A questão é que o esquadrão bicolor não assimilou o que aconteceu naquelas duas partidas e deu seguimento à jornada que tinha pela frente: campeonato paraense, Copa do Brasil e as finais da Copa Verde. Sempre jogando o mesmo “feijão com arroz”, sem se dar conta de que os adversários seguintes certamente tratariam de anular seus pontos fortes e insistir nas suas fraquezas.
       Deu no que deu: a partida final contra o Brasília deixou escancaradas as deficiências do time, sem um elemento que servisse de ponto de referência no meio de campo e fragilidades defensivas e ofensivas. Alguém tratou de mudar as coisas? Não! Os treinamentos específicos — se é que houve — não adiantaram nada, tudo permaneceu como dantes.
      
       Já o maior rival seguiu caminho diferente e, depois de precisar se desdobrar para não ficar fora das finais do returno, tentou traduzir em resultados a sua superioridade técnica. Só não enxergava esse fato quem continuou a se enganar, acreditando que jogos se ganham de véspera.
       No primeiro duelo o bicolor abriu dois gols de vantagem e não soube segurar. Por muito pouco não levou a virada e deu um suspiro quando o juiz deu por encerrada a peleja. Reclamações à parte, o que faltou foi competência para administrar um resultado favorável. Culpa de uma equipe que não possui jogador que cadenciasse a partida quando esta se mostrava à sua feição.
       Veio o segundo jogo e a superioridade azulina voltou a se apresentar claramente. Bem mais objetivos, davam as cartas e partiam para cima de uma defesa bicolor completamente atarantada, perdida em campo. Deu sorte de nas substituições ganhar o fôlego de que necessitava. Por outro lado, o adversário resolveu contribuir e fez mudanças típicas de quem se acovarda.
       O empate conseguido no minuto final deu a falsa impressão de que os dois times estavam equiparados técnica e taticamente. Mas a pressão final do time azul e branco só aconteceu porque o outro lado colaborou e recuou demasiadamente. Mas, enquanto tratou de apenas jogar futebol, foi sempre superior e manteve o rival sob tensão e até acuado em seu setor defensivo. Ou seja, faltou-lhe ousadia para vencer.

       No jogo que abriu a decisão — ou que decidiu, porque os azulinos ganharam uma vantagem enorme — aconteceu a surpresa para a qual o time bicolor não se preparara. Da mesma forma como na peleja anterior fora sua a garra e a disposição para ir em busca do resultado, dessa vez o remédio estava sendo aplicado pelo rival.
       Desde o começo partiu para cima e, embora contido no início, não tardou a se assenhorear das ações e fazer o que fizera no jogo anterior: mandou na partida, encurralando o time adversário, que não conseguia se acertar. Tomou um gol — contra, ainda por cima — e se livrou de levar outros.
       Ao começar a segunda etapa, quando pensava em ir para cima levou o segundo gol. Esteve por levar outros quando ‘achou’ um gol que parecia ser o da recuperação. Foi pura ilusão, pois o rival continuou mandando em campo e acabou marcando o terceiro e arrefecendo o entusiasmo bicolor, que parecia, na metade do segundo tempo, inapelavelmente batido.
       O quarto gol foi apenas protocolar, sacramentando o que todos os que viram o jogo — ao vivo, no estádio, ou pela TV — puderam comprovar. De um lado uma equipe que se superava, que desejava mais que tudo aquela vitória, e de outro um bando de jogadores perdidos, técnica e taticamente abandonados.
       Foi uma lição a ser aprendida. Muito dura, é verdade, mas somente com lições assim é possível dar uma remexida e ir em busca do que está errado. E tem muita coisa errada, a começar pela comissão técnica, que fala mais do que produz resultados eficazes. Não foi um jogador, foi o time todo; não foi uma derrota qualquer, foi uma decisão.

       Oxalá haja tempo de recolocar as coisas no eixo e obter resultados positivos lá mais à frente. Na competição que lhe ocupará o segundo semestre.

       Oxalá!
Junho 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário