sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Eu e o futebol



Como faço parte de uma geração que cresceu numa cidade provinciana, fui habituado a escolher não um só, mas três times de futebol para serem as minhas “paixões clubistas”.

Cedo me rebelei com a imposição paterna e rejeitei o chamado “time de Periçá”, optando – abertamente apenas na adolescência – pelo “clube de Suíço”, o “bicolor de zinco” [se der tempo, conto a história desse “título”]. Isso em termos regionais.

Os outros dois times deveriam ser, pela expressão que possuíam à época, do Rio de Janeiro e de São Paulo. Mesmo querendo fugir à influência de meu pai, acabei ficando com o rubro-negro carioca, que nesse período não andava bem das pernas. A escolha se deu mais por exclusão, em vista das opções que havia: um era chamado de “pó-de-arroz”, e isso não me soava bem aos ouvidos; outro era ligado à colônia portuguesa e eu andava com raiva do dono da padaria da rua, que acabara de furar diversas bolas nossas que caíram em seu quintal. Havia ainda outro time, que ostentava uma “estrela solitária”, que me parecia bastante depressiva naquela ocasião.
O time de São Paulo foi escolhido já na juventude, acho que levado pelo fato de enfrentar uma situação quase dramática nesse tempo: havia décadas que não conquistava um título e vivia servindo de saco de pancadas para o time de “Pelé & cia”, então no seu auge. Lembro-me de ter me sentido “vingado” quando acompanhei – pelo rádio, pois ainda não havia transmissões pela TV para estas bandas – a “quebra do tabu”. Foi também memorável a comemoração do campeonato paulista de 1977, quando acabou o “jejum de títulos”. Eu trabalhava no Interior e naquela noite de quarta-feira vibrei bastante depois que terminou o jogo contra a Ponte Preta. Até ajudei a explodir um camburão de lixo na praça da cidade... Quase não fui trabalhar no dia seguinte.

Falando em noites memoráveis veio à lembrança uma de 1972, esta em Belém. Decisão de campeonato e Remo e Paysandu se enfrentavam pela terceira e última vez, depois de dois empates. Quem vencesse seria campeão. Eu acompanhava o jogo pelo rádio, pois não pude ir ao estádio. Mesmo jogando bem, o bicolor perdia de 1x0 ao terminar o primeiro tempo. Eram já mais de dez da noite quando começou o segundo tempo e não demorou para que eu ouvisse o locutor vibrar narrando 2x0 para o Remo. Aborrecido desliguei o radinho e fui deitar, preparando o espírito para as gozações do dia seguinte na escola.

O sono já me dominava quando fui despertado: “João, o Papão é campeão!” – demorei a concatenar as ideias e me dar conta do que havia acontecido. À base da raça o Paysandu conseguiu empatar o jogo então desfavorável e levar a partida – a derradeira – para a prorrogação; já quase ao final conseguira assinalar mais um gol e assim se sagrou campeão paraense daquele ano.

Voltarei ao assunto em outra oportunidade.


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