terça-feira, 17 de dezembro de 2013

de eternidade



É difícil falar de eternidade para quem ainda se encontra limitado pelo tempo e pelo espaço, pois o eterno vai para além disso.
Seria como definir eternidade como não sendo nem tempo nem lugar, um hoje sem fim, onde não existe nem um ontem nem um amanhã – tudo é agora!
Só o que podemos é supor, conjeturar, propor hipóteses, pois não há um padrão para a compararmos.
Assim, cada um pode ter sua ideia própria do que viria a ser a eternidade.

Fala-se de um julgamento final. E o imaginamos – só isso podemos fazer, por enquanto – tal como nos relata um trecho do evangelista Mateus.
Cristo ao trono, ao lado de Deus Pai e nós abaixo deles sendo separados entre os que gozarão as delícias do Reino e os que sofrerão os suplícios do inferno.
Imaginamos acena sob o prisma da temporalidade – um dia, um lugar. Porque é isso o que temos como parâmetro, nosso entendimento nos limita quanto ao que de fato se dará. Mesmo porque Jesus, para nos garantir da realidade desse desfecho não poderia descrevê-lo diferentemente para que o pudéssemos entender, ao menos em essência.

Contudo, abstraindo o tempo, podemos supor que, ao deixarmos este mundo – morrendo – já nos encontraríamos na eternidade. Ou seja, no “lugar” fora do tempo, quando tudo é “agora”.
Se assim for entraríamos de imediato na realidade em que todos seriamos – por assim dizer – contemporâneos: desde Adão, Abraão, Davi, Moisés, os profetas, nossos antepassados e nós.
Saindo do tempo nos depararíamos com a cena do julgamento e, por consequência, do veredito a nosso respeito: para onde iremos, enfim.

Esse pensamento possui, como os demais, as suas falhas. Onde ficaria, neste caso, o purgatório? Seria como alternativa ao julgamento?
E aquela imagem, também evangélica, do rico que se dirige ao “Pai Abraão” que está ao lado de Lázaro? Seria mera parábola utilizada por Jesus para “sacudir” os descrentes de sua época histórica?

Independentemente de ser acertada ou não a ideia que me acorreu, o importante é tratar cada dia que nos resta como o momento de parar de fazer bobagens e tomar avida a sério, conscientes de que a eternidade está às portas e não sabemos como será, de fato.
E viver melhor, observando o que temos recebido de orientação, de alerta, com o pensamento iluminado para deixar de seguir vivendo como se fossemos viver para sempre, porque é certo que iremos morrer um dia, mais tarde ou mais cedo.
E quando a morte acontecer é melhor que nos encontre preparados para que, na eternidade, alcancemos a verdadeira felicidade, sem os enganos que hoje procuram nos desviar do caminho que leva até ela.

Nada melhor do que sermos amigos do Rei, viver na sua amizade e na dos seus amigos, para que o futuro que ainda nos resta reserve para nós a verdadeira alegria que o mundo não pode nos oferecer, pois permanece para sempre, como nós nesta vida, limitado ao tempo e ao espaço que não conseguem domar a eternidade.

E digo isso em primeiro lugar a mim mesmo, pois não tenho garantia alguma de que terei lugar dentre os eleitos a estarem ao lado do Senhor na vida do mundo que há de vir e que não terá mais fim.
Afinal, apesar de querer fazer parte desse grupo, sou obrigado a reconhecer a fragilidade da minha fé e a necessidade de perseguir, neste mundo, a santidade, passaporte para viver a eternidade no gozo das delícias do Reino. Pois é, tenho quase nada de santidade, sequer aquele mínimo que – é opinião minha – deveria ser exigido de quem pretende ser habitante do paraíso.

Rezem por mim, talvez nos encontremos lá, onde não existe nem ontem nem amanhã.

Talvez...

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