Chegado o período da festividade do Círio de Nazaré, o
momento permite uma reflexão séria a respeito do que se vive nesse tempo e o
proveito que dele se retira para o alcançamento dos objetivos paroquiais – em
primeiro lugar – e da Igreja como um todo, especialmente no âmbito
arquidiocesano.
Não devemos simplesmente considerar como normal tudo quanto
acontecerá nesses quinze dias – talvez até mais – de celebrações, romarias e
pregações.
Do contrário, que destino se dará aos frutos das conversões
e dos compromissos que muitos assumirão diante da imagem da Santa?
Em primeiro lugar, é preciso admitir que o Círio deixou de
ser um evento exclusivo da Igreja católica. Hoje em dia é um acontecimento
cultural, político, econômico e ainda impulsionador do turismo receptivo na
Capital paraense e circunvizinhanças.
Não somente os padres e leigos engajados são mobilizados nos
preparativos para a grande festa que se dá a partir da segunda semana de
outubro e se estende para depois de concluídas as homenagens à padroeira,
Rainha da Amazônia.
Há um lucro enorme em tudo isso, embora nem todos ganhem.
Contudo, em razão das peculiaridades que tem a Igreja, qual
o ganho que se leva do Círio? De que adiantam vir a Belém dois milhões de
pessoas, participarem das romarias e depois retornarem aos seus locais de
origem da mesma forma como chegaram?
Se aqui falamos de uma Igreja missionária, como tem levado
adiante essa missão de evangelizar as gentes, mandamento determinado pelo próprio
Cristo?
O Círio não se assemelha a uma festa de padroeiro como as
demais que toda região possui. O contingente humano que visita o Santuário
mariano no centro de Belém é marcado pela diversidade em quase todos os
aspectos, inclusive o religioso.
Mas não podemos nos esquivar de evangelizá-los, pois também a
esses irmãos e irmãs o Senhor nos envia com uma Palavra de vida eterna.
Para assumir essa missão é preciso vigilância, estar atentos a
tudo e com uma disposição – sobretudo espiritual – para acolher bem os que
chegam, para que possam sentir-se verdadeiramente na casa do Pai.
A dinâmica do Círio não deve nos deixar estressados, pois de
nossas atitudes depende toda a evangelização.
Afinal, um cristão estressado é pior do que um pagão!
Afinal, um cristão estressado é pior do que um pagão!
Isso somente será possível se acreditarmos que quem conduz o
trabalho é Jesus Cristo, a quem emprestamos nosso corpo e nossas aptidões.
Se agirmos de modo diferente desse estaremos incorrendo em
dois graves erros.
Primeiro: quem nos vir certamente concluirá que também para
nós o Círio é um negócio, mesmo que não consiga descobrir o que ganhamos!
Em segundo lugar, estaremos contribuindo para um possível
afastamento de muitos fiéis, que não receberam a mesma oportunidade que nós, e
por isso têm menor confiança nas recompensas prometidas pelo Salvador.
Pois evangelizar exige – sobretudo em nosso tempo – criatividade e iluminação.
A primeira para não permanecer nos lugares comuns, nos chavões
de uma religiosidade estereotipada e superficial.
A segunda para não criar simples modismos, como semente
lançada sobre pedras.
Estaríamos prontos para viver bem este Círio?
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