2014 está às portas – quando tiver concluído este texto ou
você o estiver lendo já estaremos plenamente nele.
Haverá uma copa do mundo no Brasil no meio do ano e muita
coisa girará em torno desse assunto, sobretudo porque muito foi gasto –
dinheiro público brasileiro principalmente – e são grandes as expectativas no
“país do futebol”. Esse tema servirá de pano de fundo para o desfile de
personagens mais ou menos importantes que procurarão fazer de um tudo para que
disso não esqueçamos.
Dessa forma questões de “menor interesse” serão deixadas para
depois, postergados – linda palavra, não? – para quando faltar matéria nas
redações e os ânimos serenarem após a conquista ou a perda do título disputado
nos gramados. Ou haverá tapetão da FIFA? Quem sabe?
O certo é que o futebol será o prato do dia, todos os dias do
período.
Isso se não ocorrerem novas avalanchas de manifestação como
as de 2013, que surpreenderam os que se julgavam capazes de manter a massa
contida e sem reação diante de mandos e desmandos desde sempre. É certo que já
não serão tão surpreendentes, mas se voltarem certamente se encarregarão de
elevar a pressão de quem conta com o silêncio dos inocentes.
Mas será justamente após a copa do mundo que se poderá ter a
certeza de que há realmente um levante contra as arbitrariedades tão
brasileiras ou se tudo não passou de um sopro, como de alguém exalando seu suspiro
derradeiro.
Porque só no segundo semestre decolarão de fato as campanhas
de quem pretende se eleger no pleito deste ano. À exceção das cidades –
prefeituras e câmaras municipais – estarão em jogo os cargos públicos de
deputados, senadores, governadores e a presidência da República.
Irão às ruas, palanques, canais de TV, intrometendo-se na
vida de todos com propostas reais e fantasiosas, projetos factíveis ou não,
promessas que, na sua maioria, serão sumariamente esquecidas a partir do
momento em que tomarem assento nos cargos perseguidos.
E farão isso sem nos pedir licença, tornando as nossas noites
– sobretudo – mais agradáveis. Pois teremos mais tempo livre, pois haverá mais
televisores desligados e as famílias poderão conversar por algumas horas. Ou
não, claro!
Nesse caso, essas mesmas noites serão fastidiosas – outra palavra
bonita, não?
Mas aí me aparece a pergunta que não quer calar: será que
aqueles que foram às ruas em 2013 darão o ar de sua graça outra vez? Ou,
perguntando melhor: terão coragem de dar a sua resposta a tudo isso na hora de
consumar o seu voto?
Concordo com quem diz que o voto obrigatório não é solução.
Mas, que fazer? Cruzar os braços e permitir que a história continue se repetindo
ad infinitum?
Concordo também que o sistema de governo vigente não é o
melhor, que há muitas brechas que permitem a corrupção e poucos são os
candidatos confiáveis de verdade. Mas, se é essa a realidade que temos, é
preciso usar dela para chegar ao que consideramos ideal. Deixando como está
nunca ocorrerão mudanças, porque quem se encontra no comando prefere que seja
assim.
Da mesma forma se dizia que não havia jeito com relação ao
aumento das passagens e vimos no que deu. Houve certa bagunça, provocada pelos
vândalos de plantão, mas na essência deixou evidente que é possível reagir sem
desestabilizar o país.
Por que isso não funcionaria também para o processo
eleitoral?
Não, não estou propondo revolução alguma. Não no sentido anárquico
do termo.
Antes, espero que se coloquem os cérebros para trabalhar em
busca de uma alternativa que nos aponte para um futuro onde não valha à pena
ser corrupto, onde a honestidade não seja exceção, onde se faça a verdadeira
política e não isso que se enxerga por aí e faz a gente sentir vergonha.
Sei que mudar o pensamento das pessoas é tarefa complicada,
quase chega a ser impossível.
Mas é que eu sou brasileiro e não desisto nunca.